A insustentável leveza do meu ser

Passei os primeiros meses desse ano com um peso insuportável e quase insustentável. Tomei uma atitude importante que mudou tudo ao meu redor. Eu disse não a alguém que amava e disse sim pra mim. Disse adeus. Não era o que eu queria dizer, mas era isso que precisava fazer pra conseguir viver em paz. Mas dizer adeus não me trouxe tranquilidade, leveza, calma. Trouxe sim muitas lágrimas, uma dor filhadaputa lá nos cantinhos mais escondidos da minha alma, momentos infinitos de solidão e um vazio avassalador... Carreguei sobre meus ombros o peso de um amor solitário, ferido e rejeitado, por todos inclusive por mim... Levei comigo a dor de ter arrancado à unha esse sentimento agarrado, enraizado no meu peito. Foi uma atitude sem volta. A sensação era de estar com um buraco na alma e outro bem grande no lugar do meu coração. Mas tudo isso era necessário pra que eu me lembrasse de mim e me visse como realmente sou. Não poderia recomeçar sem antes me refazer e isso não foi nada fácil. Aos poucos fui cuidando das minhas feridas e voltando à vida, como quem abre os olhos depois de anos em coma... aos poucos... no momento em que vi que podia respirar de novo, sem sofrer tanto, decidi que era a hora de acertar as arestas de tudo o que me causou todo esse sofrimento. Abri o que tinha sobrado do meu coração e deixei que ele vomitasse tudo o que estava preso por dentro... falei o que senti e o que pensei... Mas como resposta, tive um silêncio ensurdecedor... Apesar disso, me senti leve, flutuante... talvez por tido a coragem de me expor e de falar sobre meus sentimentos com a última pessoa no mundo com quem eu gostaria de dividir meus sentimentos e pensamentos. Hoje o silêncio foi desfeito e eu não sei o que dizer. Agora o silêncio é plenamente meu. Me sinto leve como há muito tempo não me sentia. Talvez não devesse dizer mais nada (tudo já foi dito). Talvez precise de mais tempo pra lidar novamente com meus novos sentimentos a respeito de tudo. Não sei o que vai acontecer daqui pra frente, mas sei que nada acontece duas vezes da mesma maneira.