terça-feira, 6 de julho de 2010

"Poderia até pensar que foi tudo sonho..."

Eu tive um sonho ruim e acordei chorando. A angústia que senti não se compara à nenhuma outra que eu já tenha sentido. Sonhei que ele tinha morrido. E eu aqui, perdida no interior do país, não podia nem chorar. Nem a dor de ter perdido o Rômullo daquele jeito tão violento poderia se comparar ao que eu senti no sonho. Eu não podia chorar, não tinha pra quem dizer o que tava sentindo. Porque pra todo mundo, aquilo era uma fatalidade como outra qualquer, uma daquelas coisas sem muita importância que eu insisto em dizer. Mas pra mim não era só a morte dele que me machucava. Eu sabia que tudo aquilo que tava guardado, escondido, agonizante mas ainda vivo, eu teria que trancar em mim. Nunca mais teria a chance de dizer o que eu sentia. Nunca mais poderia tentar mudar as coisas, nunca mais o veria. E a pior de todas as dores era a de saber que eu, do fundo da alma, num dia daqueles em que a gente espera que o mundo exploda, desejei que ele morresse. E de repente, eu via um desejo realizado. Depois de acordar, demorei um tempo pra entender que era tudo um sonho, que não tinha acontecido de verdade. Passei o dia todo pensando no sonho. Em como seria pra mim, se acontecesse de verdade. Pude ver com mais clareza que não o amo mais. Não existe mais amor em mim, Nem por ele, nem por ninguém. Os últimos meses me esvaziaram por completo de certos sentimentos. Mas vi também que, mesmo ausente daquilo que um dia foi amor, ele ainda é importante pra mim. Acho que nunca poderei deixar de sentir carinho por ele. Talvez, o desespero do sonho represente apenas o medo de perder esse sentimento maluco que tomou conta de mim nos últimos anos. Sei o quanto vai doer. Sei também o quanto já dói. Mas isso precisa ter um fim, precisa ser enterrado, como disse uma amiga. Curioso pensar que há alguns dias e não pensava tanto nele. Estava vivendo outras coisas, pensando em outras coisas. Aí, me vem um sonho pra me ferir mais um pouco. "Como se a alegria recolhesse a mão pra não me alcançar..." Acredito que isso vai passar. E quando eu lembrar desses momentos, sei que não vou sentir tanta tristeza.

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