domingo, 14 de junho de 2009

Gostou? Fui eu que fiz!

Pela primeira vez em muito, mas muito tempo mesmo, posso dizer que tive um dia de paz. Não me estressei com absolutamente nada! E olhe que tive muitos, eu disse MUITOS motivos pra me aborrecer, mas não me irritei, não perdi a paciência, nem reclamei da vida.

O dia começou frio, como tem acontecido nos últimos dias. E, como todos sabem, eu gosto mesmo é de calor! Saí de casa usando touca de lã, cachecol, luvas... entrei naquele ônibus que declaradamente eu ODEIO COM TODAS AS MINHAS FORÇAS e fui pro trabalho. Chegando lá, tive mil e uma coisas legais pra fazer: preparar as aulas das próximas semanas, corrigir testes, elaborar exercícios (sim, eu sou professora!). E o pior, tive que fazer tudo isso sozinha por boa parte do dia, porque minha colega teve que sair. Normalmente, nessa hora, eu já estaria de PÉSSIMO humor, mas não, eu estava tranquila com tudo. Encarei o trabalho de frente e fiz o que tinha que fazer.

Bom, foi tudo bem até aí. De repente surgiu algo que poderia ter me aborrecido: no começo da semana, pedi a uma colega pra fazer e pintar um desenho que eu iria usar no aniversário da minha sobrinha. Ela começou. Mas não terminou. Aos 45 do segundo tempo ela chega pra mim com pincéis e tintas, me entrega tudo e diz que tem que sair correndo, que tem uma reunião urgente e aquele mimimimi todo. Putz, eu precisava daquilo pra anteontem... Bateu uma frustraçãozinha na hora, porque ela pinta muito bem e ninguém faria tão bem quanto ela. Mas, por mais incrível que pareça, eu não me aborreci! Não me irritei! Simplesmente peguei o material todo e encarei o desafio. Desafio sim, porque há milênios eu não sabia o que era pintar, nem me lembrava mais do cheiro das tintas, eu sabia lá o que era um pincel! Pintar parece fácil, mas encare pra ver que não é tão simples quanto parece. E mais, o tempo era mínimo. Pintei os desenhos da melhor maneira que eu consegui. Me esforcei pra fazer bem feito. E fiz. E gostei do que fiz. Fiquei contente com o resultado do meu trabalho. Perdi minha tarde de folga por isso. Fiquei cansada pacaramba. Mas valeu a pena. Meus desenhos ficaram lindos!

Tá, acabei de pintar, mostrei pra todo mundo e voltei pra casa. No caminho, encontrei minha cunhada, resolvi sair com ela pra resolver uns detalhes da festa, passar na farmácia, ir ao banco, tudo isso depois das seis da tarde e super cansada. Mesmo assim, ainda não tinha me aborrecido com nada. Cara, um dia inteiro se me irritar com nada/ninguém é demais pra eu acreditar. Alguma coisa devia estar errada...

Resolvidas as coisas, minha cunhada foi resolver as coisas dela e eu finalmente fui pra casa. Quer dizer, tentei ir. Estava na parada, humildemente e pacientemente esperando o ônibus. De repente, ele chega, eu entro, pago a passagem e descubro que ele estava com o itinerário errado. Falei (educadamente e calmamente) com o cobrador e ele me disse que o ônibus passava sim onde eu queria, mas antes iria em outros lugares, bem longe por sinal, que aquela era uma linha nova e mimimimi. Só me restou sentar, ligar meu mp3 pra ouvir LITTLE JOY e esperar até chegar a minha parada. Putz again, uma viagem de 5 minutos acabou durando 40 e incrivelmente eu não me estressei, não me aborreci, não xinguei ninguém.

Tá, já passava das oito da noite, eu com um monte de sacolas, sozinha pela rua, chego em casa e encontro todas as luzes apagadas. Putz again and again! Detesto encontrar a casa escura e sem ninguém, mas nem isso me estressou. Definitivamente isso não foi normal. Nos últimos meses eu vinha me aborrecendo com tudo, me irritando com todos, totalmente estressada e preciso admitir que isso não me fez muito bem. Claro que é ótimo botar pra fora aquilo que tá entalado. Nada como soltar um palavrão daqueles bem brutos num momento de irritação. Não conheço nada mais libertador nessas horas! Tem coisa melhor do que soltar os cachorros em alguém que tá enchendo a paciência? Mas chega uma hora em que irritar-se não resolve, xingar não alivia, ficar aborrecida não adianta, brigar com o mundo não é solução. Acho que finalmente entendi que esse tipo de comportamento não leva a nenhum lugar legal. No fim das contas, o prejuízo do aborrecimento e da irritação é sempre meu. Às vezes o melhor mesmo é deixar pra lá. Talvez eu não tenha aprendido nada, talvez só estivesse mesmo cansada de brigar e tenha resolvido me comportar de um jeito diferente do habitual. Não sei. O que importa mesmo é que gostei de ter sido assim. Foi um dia em que fiquei desarmada. E não precisei me defender de nada. Simplesmente não me importei com as coisas que aconteceram. Acho que preciso fazer isso mais vezes. Realmente esse foi um dia produtivo, apesar de ter tudo pra dar errado. Graças a Deus deu tudo muito certo. Sim, porque me senti leve como há tempos não sentia. E isso foi muito bom.



Claro que eu não iria deixar de mostrar um dos desenhos aqui. Deixo claro que não pintava nada há muitos anos (pelo menos 7 ou 8 anos) e que foi um desenho pra uma festinha infantil. Mesmo não sendo o trabalho mais perfeito do mundo – não vou pra nenhuma bienal por isso – eu gostei do resultado final. Garanto que fiz tudo sozinha. E ficou tão bonitinho!!!!! Então tá aí. Gostou? Fui eu que fiz!



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