terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Formato Mínimo.

No caminho pra Gravatá - PE e no meio de uma melancoliazinha que me assolava, tentei fugir do mundo do único jeito que eu conheço: ouvi músicas novas. Escondida no banco de trás do carro, entre uma lágrima e outra, versos e melodias iam me levando pra outros lugares. Ou pro mesmo lugar onde sempre estou, pelo menos em pensamento. Mas uma das músicas me levou pra muito mais distante. Sempre gostei do Skank, mas não me empolgava com a banda há um bom tempo. Até que ouvi Formato Mínimo. Embalada por uma melodia delicada, a letra conta a história de uma one-night stand, dentro do bom padrão de qualidade do compositor Samuel Rosa. Muito bacana a métrica dos versos, toda apoiada em palavras proparoxítonas, uma ideia simplesmente genial... que Chico Buarque já tinha tido antes, em "Construção". Sem dúvida, uma das melhores músicas da banda.


FORMATO MÍNIMO

Começou de súbito
A festa estava mesmo ótima
Ela procurava um príncipe
Ele procurava a próxima

Ele reparou nos óculos
Ela reparou nas vírgulas
Ele ofereceu-lhe um ácido
E ela achou aquilo o máximo

Os lábios se tocaram ásperos
Em beijos de tirar o fôlego
Tímidos, transaram trôpegos
E ávidos gozaram rápido

Ele procurava álibis
Ela flutuava lépida
Ele sucumbia ao pânico
E ela descansava lívida

O medo redigiu-se ínfimo
E ele percebeu a dádiva
Declarou-se dela o súdito
Desenhou-se a história trágica

Ele enfim dormiu apático
Na noite segredosa e cálida
Ela despertou-se tímida
Feita do desejo a vítima

Fugiu dali tão rápido
Caminhando passos tétricos
Amor em sua mente épico
Transformado em jogo cínico

Para ele uma transa típica
O amor em seu formato mínimo
O corpo se expressando clínico
Da triste solidão a rúbrica

Um comentário:

S.S. disse...

So fucking perfect!!!