quarta-feira, 12 de maio de 2010

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Entendi uma coisa. Sair da vida dos outros é um exercício imposto pelo caminho. Às vezes a gente escolhe sair. Às vezes é jogado fora pelas circunstâncias. De qualquer maneira, sair da vida dos outros é uma etapa que vem antes da gente sair da própria vida. Daí a felicidade e a tristeza de seguir em frente. Antes do ocaso, antes de qualquer coisa - antes e depois dos sustos - existem as lembranças e a solidão plena. (...) Saudades da solidão de antes, uma solidão irrecuperável. Que pedia exatamente aquilo que o desconcertava no dia a dia. Em todos os aspectos: sentimentais, sociais, de convívio genérico e íntimo, atravessar a rua e ir comprar pãezinhos já não é algo tão prosaico e, ao mesmo tempo, determinante como antes, mas uma atividade improvável e comprometedora, cujo pressuposto era a inclusão naquilo que ele jamais poderia ser incluído. *
*Marcelo Mirisola

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