quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Adeus, meu amigo.

Ultimamente tenho errado nos meus julgamentos. Quando o conheci, pensei que não iria me relacionar bem com ele. Me enganei redondinho. O problema todo é que eu morria de vergonha dele, porque ele era muito sério, não se mostrava lá muito amistoso. Aos poucos fui me aproximando e quando percebi, estávamos almoçando juntos todos os dias. Era uma bagunça! Ela, Ele e Eu sempre íamos pro Restaurante Popular. Enquanto rolava o almoço, nós ríamos de tudo, das coisas mais bobas. Sempre que alguém se juntava à nós, era uma farra, ele sempre tirava onda com a pessoa. Eu mesma fui “vítima” das piadas e brincadeiras dele. Ele sempre dizia que eu era “assim” ou “assado” porque “o povo do Pernambuco é assim mesmo”. Outras vezes ele imitava o sotaque pernambucano “Quando você vai pra Recife, os rapazes olham pra você e dizem: ‘oi, gaTinha! Kkkk”. Devo boa parte das melhores risadas que dei esse ano à ele. Quando fiquei deprimida, ele tirava onda da minha cara também. Colocava músicas de Bruno e Marrone no som do carro só pra me sacanear. Quando não estávamos no carro ele me olhava com uma cara bem séria e começava a cantar “O nosso amor se quebrou, se quebrou, se quebrou... e eu nunca mais fui tão feliz... Choram as rosas...”. O resultado é que eu acabava rindo disso e me sentia melhor. Me afeiçoei ao jeito dele e declarei publicamente que admirava sua postura séria, o que o deixou ligeiramente desconsertado e levemente vermelho. O importante é que ele soube disso. Penso que ele também tinha consideração por mim. Sinto isso, de verdade. Ele sempre demonstrou ser um bom pai e um bom marido. Pessoas com o comportamento dele são raras nos dias de hoje. Ontem recebi a pior notícia que alguém poderia dar. Ele estava morto. Um idiota, doente, bandido atirou nele dentro da sua casa sem a menor piedade. Não pude dormir... não consigo esquecer que a pessoa que provocou em mim as maiores gargalhadas, hoje me faz derramar as lágrimas mais sofridas. Uma perda irreparável pros filhos, pra esposa, pra mãe, pros amigos e colegas. Não consigo acreditar que não vamos mais almoçar juntos, que não vou ouvi-lo imitar o sotaque nordestino, nem rir das brincadeiras dele. “A vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância”, mas "guardo um retrato teu e a saudade mais bonita...”

3 comentários:

Unknown disse...

É COMO AS MÚSICAS QUE NOSSO AMIGO COLOCAVA PARA ESCUTARMOS '...E AGORA QUE FAÇO EU DA VIDA SEM VC, VC NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER, SÓ ME ENSINOU A TE QUERER...'REALMENTE DÓI MUITO SABER QUE NÃO EXISTIRÁ ELE,ELA E EU, SEMPRE FALTARÁ UM PEDAÇO DE NÓS!!!!!!!

Bibi disse...

Já diziam os antigos que, para estar morto basta estar vivo. Mas ninguém pode imaginar ou aceitar algo assim. Adeus amigo. E nunca mais tomarei suco de caju silvestre. Pois era especialidade do meu amigo.

Nathy disse...

É, a dor é grande... Sentiremos falta dele... de quem éramos com ele. Que Deus nos console e abençoe.