sábado, 27 de março de 2010

"É tão estranho...

... os bons morrem jovens..."

Hoje ele faria 50 anos! Faria, se não tivesse morrido tão estupidamente há alguns anos. Morreu estupidamente e sozinho. Os amigos só apareceram quando não havia mais o que fazer. O mundo só o escutou quando finalmente ele deixou de respirar. Quantas vezes ele gritou aos quatro cantos que estava sozinho, que precisava de alguém, que estava perdido... Mas não houve quem ouvisse seus gritos e fizesse algo por ele... Talvez ele nem quisesse a ajuda de ninguém.

Conheci todas as suas histórias, ouvi todas as músicas, gritei junto com ele (A Montanha Mágica)e chorei também (Vento no Litoral) muitas vezes. Nunca alguém foi tão presente na minha mente quanto ele foi. Penso nele ainda hoje, tanto tempo depois, todos os dias. Agora é algo mais distante, outras pessoas já me acompanharam pelo caminho, mas ele ainda está aqui, comigo. Boa parte do que sei a respeito de ser gente, aprendi com ele.

Foram tantos momentos, eu ouvia suas músicas desde sempre. Nas minhas lembranças mais remotas, tem alguma coisa como "Eduardo e Mônica" ou "Quase sem querer" como trilha sonora. Nas paixões e nas desilusões, sempre ele. Há sempre uma música dele que cabe nas mais diversas situações. Quando alguém morre, vem logo na cabeça "É tão estranho, os bons morrem antes..."; quando chego na rodoviária do Plano Piloto, principalmente no Natal, "Meu Deus, mas que cidade linda, no ano novo eu começo a trabalhar..."; quando vejo que é tarde demais pra alguma coisa, "E eu dizia ainda é cedo, cedo, cedo..."; quando estou em Boa viagem, "E quando vejo o mar, existe algo que diz que a vida continua..."; quando estou com saudades, "Se fosse só sentir saudade, mas tem sempre algo mais, seja como for é uma dor que dói no peito..."; quando tô com aquela sede de coca-cola, me lembro que faço parte da "Geração Coca-Cola...".

Ela era tão chato, tão marrento, bruto muitas vezes, mas ninguém me entendeu tanto quanto ele. Nunca vi alguém tão sensível, tão intenso. Quando cantava, parecia que algo o rasgava por dentro. Muitas vezes sentia a dor dele como se fosse a minha própria. É como se ele entendesse ou sentisse todas as coisas que as pessoas pensam e sentem. Ele conseguia falar sobre todas as dores, todos os sentimentos como ninguém mais soube fazer.

Nunca vou conseguir esquecer as coisas que ele dizia, nem as coisas que aprendi com ele. É claro que outras pessoas surgiram, com outrs músicas, outras verdades, outros sentimentos. Novos amores sempre vem. Mas nenhum pode superar o que eu e tanta gente por aí teve/tem por ele. De qualquer maneira ele ainda vive em algum lugar da minha memória e nos corações de todos aqueles que o amaram.

"Vai com os anjos, vai em paz..." Renato - aquele. Feliz aniversário.

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